Marineland
- Raphael Figueiredo
- 25 de jun. de 2022
- 7 min de leitura
Perguntas frequentes do Marineland
Quando viajamos, certos lugares que vamos nos fazem pensar: “como eu vim parar aqui?”. Essa pergunta veio à minha cabeça no momento em que entrei no estacionamento do Marineland, um parque temático com foco na vida marinha, localizado nos subúrbios das Cataratas do Niágara. Eu sabia que esse parque havia se envolvido em diversos escândalos de tratamento aos animais presentes nos cativeiros, mas quis ir lá para ver com os meus próprios olhos e andar em uma das montanhas-russas mais raras do mundo. Eu já esperava pelo pior, mas o que eu encontrei me deixou completamente sem palavras.

A entrada do Marineland parece uma construção distópica de concreto, sem muito apelo de ser um parque temático ou um zoológico. Literalmente parecia que eu estava entrando em uma unidade controlada, algo como um cativeiro para as piores espécies que eu poderia pensar que existiam no Jurassic Park. Logo na entrada percebi que a maior parte dos funcionários eram idosos, que trabalhavam no Marineland desde sua inauguração em 1961.



O primeiro choque foi logo após passar o King Waldorf Stadium, onde acontecem as apresentações com os leões marinhos. Depois de ver o restaurante principal do parque, o Hungry Bear, o único caminho que eu poderia seguir era em direção ao que parecia uma floresta. Agora eu tinha certeza que eu tinha entrado no Jurassic Park. Nada além de árvores estava ao meu redor.



Completamente assustado com o que eu estava vivenciando, o primeiro sinal de que havia algo naquele longo e largo caminho além de árvores foi uma torre em estilo medieval isolada nas árvores. Assim que andei um pouco mais e cheguei no ponto central do Marineland, vi um playground aquático com temática ártica e outras construções medievais ao redor, o que me fez minha cabeça parar de achar que eu estava no Jurassic Park e sim dentro de um bosque medieval.




Um castelo gigantesco era o portal para um pasto contendo veados e outros animais terrestres, como bisões e cervos. À esquerda, a Arctic Cove abriga mais mais de vinte belugas, em um habitat claramente de espaço duvidoso para a quantidade de belugas. As belugas pareciam interagir bastante entre si, e quando cheguei perto do vidro, uma veio “conversar” comigo.

Seguimos em frente e encontramos os primeiros brinquedos do Marineland. O primeiro foi o Ocean Odyssey, um lindo carrossel com submarinos que sobem e descem ao redor de um chafariz. Eu não podia acreditar no quão bela era essa atração - todos os detalhes são super bem trabalhados. Estava começando a me impressionar pela tematização do parque.

Esse sentimento aumentou no Flying Dragon, um “tapete mágico” construído em um lindo cenário medieval. O brinquedo é uma máquina de adrenalina e emoção: é extremamente rápido, gerando forças superintensas e que te arremessam para frente e para trás a cada giro do dragão. Saí da atração completamente sem ar de tanto que gritei!

Um lindíssimo chapéu mexicano chamado Wave Swinger foi o próximo brinquedo. Imediatamente parecia que eu tinha me teletransportado para a Alemanha da Idade Média, em uma floresta de camponeses. Prédios muito fofos simbolizavam a entrada e saída do brinquedo, no melhor estilo do jogo Rollercoaster Tycoon 2. Seus giros eram muito suaves, e sua experiência foi uma das mais emblemáticas da minha vida ao poder girar acima das muitas árvores ao redor.



Como nos tinha sido avisado nas catracas, o Sky Hawk infelizmente estava fechado para manutenção. Uma pena, porque era mais um brinquedo lindo! Depois dele, vimos as primeiras lanchonetes, em pequenas cabanas medievais, servindo itens básicos de parque de diversões, como sorvete e algodão-doce. Seguimos para um lago lotado de peixes, em que era possível alimentá-los ao comprar comida para peixe em um quiosque. Perto do lago, fica o Kandu’s Twister, o clássico brinquedo estilo “xícaras malucas” mas, no Marineland, tematizado com orcas.








Mas, a atração que eu realmente estava querendo logo ir era o Magic Experience, um brinquedo raríssimo, presente em pouquíssimos parques no mundo todo. Seus movimentos permitem que você sinta diferentes sensações de movimento - é como um simulador agressivo em que não dá para saber em qual direção você está!




Infelizmente, a cena que vimos em seguida não era nada mágica: ursos-negros sendo castigados pelo calor do verão canadense e tentando ao máximo se refrescar no pequeno lago que tinham em seu habitat. O Marineland ainda mantinha mais um hábito do século passado (não que o parque todo não fosse completamente parado no tempo): alimentar os ursos com uma comida processada que dava para comprar em um quiosque. Os ursos pareciam gostar da comida, mas vou me iludir e pensar que eles não tinham fome.





Notamos que tinha um pequeno grupo de pessoas parados em frente à entrada da Dragon Mountain, a montanha-russa rara que eu mencionei no início deste relato. A atração estava fechada para manutenção, e nos acompanhando, estava um grupo de europeus que só tinham aquele horário para andar na montanha-russa. Ela abriu, e eu fiquei boquiaberto quando em um momento do caminho tive que entrar numa boca de dragão que me levou a uma caverna escura! Aquele parque não me cansava de me surpreender, em todos os sentidos, e ainda teria mais por vir…



Depois do trem ter começado a subir, ele parou no meio. Eu sempre temia que algo assim acontecesse comigo enquanto estava em uma montanha-russa! Tivemos que ser evacuados pela escada de apoio, e novamente a Dragon Mountain havia entrado em manutenção. Desapontados, decidimos ir em direção às torres Sky Screamer, que dava para ver de todos os cantos das Cataratas do Niágara.

Novamente entrando em um caminho que parecia dentro de uma floresta, começamos a subir uma rampa em espiral que parecia mais uma trilha abandonada para o topo de um morro. De fato, o Sky Screamer fica numa pequena colina de 46 metros, e somado a altura de 91 metros das torres, a altura total em relação ao chão é de 140 metros! A experiência nele é absurda, especialmente porque você começa sendo lançado a 96 km/h alcançando 4 vezes a força da gravidade! Depois, o brinquedo se prepara para uma queda livre, alcançando incríveis 2 vezes a força da gravidade negativamente, fazendo você desgrudar totalmente do banco!





Descemos a colina do Sky Screamer e voltamos para a área da Dragon Mountain, que ainda estava em manutenção. Aproveitamos a nova atração do Marineland, o Star Voyager, único na América do Norte. Se você joga Planet Coaster, muito provavelmente irá reconhecê-lo! Inaugurado para a temporada de 2022, o Star Voyager entregou a melhor experiência que já tive em um brinquedo radical na vida. Seus giros completos em 360º aliados aos giros da cadeira o fez uma experiência extremamente superior ao Booster do Ita Center Park e ao Shockwave do Canada’s Wonderland.



Estava radiando em adrenalina e felicidade por ter experimentado algo tão incrível que o sentimento só aumentou quando vi a Dragon Mountain abrindo de novo! De volta à caverna do dragão, sentamos nos primeiros assentos e dessa vez subimos até o topo! O percurso dela é incrível, algo completamente único no mundo! Tem muitos túneis, tem vulcão, tem vistas incríveis e uma inversão única no mundo, o nó-de-gravata! Eu não consigo descrever o quanto fiquei feliz em poder ter andado em algo tão maravilhoso!





Com a missão cumprida na Dragon Mountain, fomos ao lugar que estávamos relutantes em ir desde o começo da visita: a Friendship Cove, lar da orca Kiska, que vive sozinha em seu habitat. Sua situação é a principal razão do Marineland ser alvo de protestos das organizações em prol da proteção dos animais. Orcas são animais sociáveis e não podem viver em cativeiro, muito menos sozinhas. Kiska não pareceu dar muita atenção para nossa presença ali, apenas nadou livremente pelo seu tanque.


O cenário de Kiska é explicado pelas atitudes do dono original do Marineland, John Holler, um empresário excêntrico que viu, durante os anos 1960, uma forma de lucrar usando animais como entretenimento, similar aos circos. Ele se envolveu em diversas polêmicas graves com a população local, atraindo para o Marineland inimigos poderosos, como o próprio governo canadense. O motivo do parque estar parado no tempo é a visão atrasada de John Holler, que foi seguida por sua família, atual proprietária e operadora do Marineland.

O sentimento que fica é que o Marineland poderia ser um dos parques temáticos mais sensacionais do mundo se não tivessem escolhido permanecer na ignorância quanto à questão da causa animal. Seus visitantes são, em grande maioria, turistas asiáticos, que não ligam ou não sabem dos problemas que rodeiam o parque. Naquele sábado de verão, o público era bastante alto pela parte da tarde, o que me surpreendeu.

Os últimos momentos do dia foram na área infantil, que tem atrações tão lindas quanto às que existem atualmente no parque, com destaque para a Viking Adventure, um barco que gira em várias direções; a Bumble Bee, um carrossel aéreo de abelhas; o Boat Carousel, um carrossel aquático de barcos, e a Ladybug Coaster, uma montanha-russa infantil que permite adultos! Finalmente pude andar em uma dessas!






Terminamos o dia no restaurante Hungry Bear, que oferece uma boa variedade de opções de comida, e dois ambientes, indoor e outdoor. Preferi comer junto às árvores, e de novo, veio a sensação que eu estava comendo no meio da floresta. Escolhi uma salada e saí muito bem alimentado. A loja de souvenires do Marineland é enorme, e tem uma quantidade absurda de pelúcias dos mais diversos animais e brinquedos para crianças. Confesso que cada um era mais fofo que o outro, especialmente os ursos polares!





Saí com um sentimento completamente paradoxal, especialmente por ter tido um dia divertido em um parque temático medieval com uma imersão deveras diferente, mas que ficou muitas vezes ofuscado com tantas coisas erradas em relação à questão animal que prejudica o parque em ser algo a mais do que é hoje. Torço para que o Marineland explore seu potencial como parque de diversões em uma das maiores regiões turísticas dos Estados Unidos e deixe os animais fora do seu radar.
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Perguntas frequentes:
Onde fica o Marineland?
Na cidade de Cataratas do Niágara, no Canadá.
Como chegar ao Marineland?
O aeroporto mais perto do Marineland é o Aeroporto Internacional de Buffalo-Niagara (BUF), nos Estados Unidos, mas também é possível chegar através do Aeroporto Internacional de Toronto (YYZ) e se hospedar em Cataratas do Niágara, no Canadá. Só é possível chegar no Marineland de carro. Do centro de Cataratas do Niágara até o parque são 10 minutos aproximadamente. É necessário ter o visto físico dos Estados Unidos e do Canadá para poder atravessar a fronteira de ambos os países.
Quais são as melhores atrações do Marineland?
Dragon Mountain, Star Voyager e Sky Screamer.
Quais são os melhores meses para visitar o Marineland?
Junho a Agosto.
Qual é a melhor ordem para fazer as atrações e brinquedos do Marineland?
Ocean Odyssey / Flying Dragon / Wave Swinger / Sky Hawk / Kandu’s Twister / Magic Experience / Star Voyager / Dragon Mountain / Sky Screamer
Qual é a melhor dica para o Marineland?
Vá várias vezes no Sky Screamer e na Dragon Mountain em diferentes assentos! Cada um oferece uma experiência completamente diferente da outra!
Que tipos de comida estão disponíveis no Marineland?
Fast-food comum estadunidense e canadense. O parque possui um restaurante, o Hungry Bear, com frango assado, tiras de peito de frango, pizza, hamburger, cheeseburger, cachorro-quente, batatas fritas, nachos, saladas, frutas, sopas, bagels e sobremesas.
Quanto custa o Marineland?
O passaporte que dá acesso a todas as atrações custa aproximadamente USD 50 (R$ 275).
Qual é a duração das filas no Marineland?
Tranquilas (-30min).
Qual é o site do Marineland?
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