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2022 Cielo Celeste Tour

Montevidéu | Colônia de Sacramento | Punta del Este

15 de out. de 2022

Quatro dias no Uruguai aproveitando toda a pluralidade que as cidades têm a oferecer

Quando visitei a Argentina em 2015, e vi a possibilidade de ir fazer uma viagem sensacional de barco de Buenos Aires até Colônia de Sacramento, no Uruguai, fiquei muito frustrado por não ter nenhum tempo sobrando para fazer a travessia pelo Rio da Prata. A curiosidade de conhecer nossa antiga província Cisplatina nunca morreu, mas faltava uma “força maior” que me levasse até o Uruguai. Sete anos se passaram, e durante um dia no trabalho, tive uma verdadeira aula sobre o país. Tudo que me apresentaram sobre os nossos vizinhos do sul me chamou a atenção, especialmente as diferenças culturais que a capital Montevidéu guardava para as cidades brasileiras e Buenos Aires. 


É claro, que, algo no Uruguai também me chamava atenção: o Parque Rodó, um parque urbano de Montevidéu que desde de 1889 tinha a tradição de colocar brinquedos de parque de diversões, começando por uma montanha-russa. Mais de 130 anos depois, o que começou no século XIX ainda existe: duas seções do Parque Rodó são dedicadas à adrenalina. A primeira fica mais próxima da Playa Ramírez, e é tomada por atrações radicais e familiares, já a segunda é totalmente infantil e abriga a única montanha-russa do Uruguai: a Gusanito Manzana, um modelo raro italiano e único na América Latina.



Na mesma promoção da LATAM em que consegui uma ótima promoção de pontos para Manaus, consegui um valor justíssimo para Montevidéu, já que estava querendo visitar um destino internacional. A capital uruguaia caiu perfeitamente no meu planejamento, porque não tinha muito tempo disponível e o preço encaixou na quantidade restante que eu tinha de pontos. O mais louco é que a data que escolhi viajar era apenas um dia após o fim da viagem de Manaus, isto é, ia sair do calor da Floresta Amazônica para cair no frio uruguaio! Quatro dias no nosso vizinho me esperavam! 


O trajeto aéreo até o Uruguai foi tranquilo, e fiquei impressionado com a grandiosidade e modernidade do aeroporto de Montevidéu. Com o passaporte eletrônico brasileiro, você entra tranquilamente no país sem ter a necessidade de falar com um agente de imigração. Todo o processo leva pouquíssimos minutos. Para sair do aeroporto, o Uber é uma opção, mas os preços podem ser bem elevados. A fim de evitar surpresas desagradáveis, fechei um traslado com a DCOM Travel que me levaria até o primeiro ponto da viagem: a vinícola Pizzorno. À medida que o motorista desbravava as estradas do Uruguai, percebia que havia entrado em uma realidade completamente diferente da que estou acostumado…


O tempo parecia andar devagar, e o céu era de fato celeste como na bandeira!



A vinícola Pizzorno é a principal vinícola do Uruguai, e fica localizada há apenas 40 minutos do centro de Montevidéu. Os campos de uva são imensos, e o local ainda oferece uma bonita pousada para hospedagem. A visita guiada inclui a explicação mais detalhada sobre enologia que eu já pude vivenciar. O passeio começa nas vinhas, depois desce até os cilindros de produção e fermentação, segue para o armazenamento subterrâneo em barris e termina com aulas específicas sobre a diferença de cada vinho produzido pela vinícola, com incontáveis provas de vinho. Como eu não havia comido nada desde do aeroporto, admito que fiquei bêbado muito fácil e não conseguia assimilar nada da explicação! Ainda bem que um maravilhoso almoço não demorou muito para vir. Toda a experiência custa aproximadamente R$ 420 (USD 75) com transporte regular desde Montevidéu. Na saída, há a possibilidade de comprar vinhos excelentes a partir de USD 10!









Cheguei no meu hotel em Montevideo por volta das 15h. O Hotel Hispano fica muito perto da Praça da Independência, a principal praça do país, onde está localizada a sede do governo uruguaio. Eu precisava economizar no hotel já que resolvi fazer duas viagens seguidas, então o Hispano foi o melhor custo/benefício que encontrei, já que eu só precisava de um local legal para dormir. Quando entrei no quarto, parecia que tinha voltado 20 anos no tempo! A abertura da porta era de chave, armários gigantes de madeira enfeitavam o quarto e no banheiro tinha um bidê! O ar condicionado split e a televisão de LED teimavam em contrastar com o restante. Mal sabia eu que o hotel era apenas um spoiler do que eu veria do centro de Montevidéu.​



Não perdi tempo e pedi um Uber para o Parque Rodó. Os brinquedos lá presentes não eram muito diferentes do que encontramos nos parques itinerantes brasileiros: a atração mais radical era um Kamikaze, e o restante eram clássicos como trem fantasma, bate-bate, barco pirata, twister, samba (temos até dois!), e ótimas atrações infantis, como minhocão, carrossel, naves voadoras, cinema 5D e brinquedos que já estão ali há muito tempo! Na parte norte do Rodó, temos mais brinquedos, todos infantis. Foi nessa parte que meu desespero começou: eu, erroneamente, fui para o Uruguai sem nenhuma cédula de pesos uruguaios (moeda do país) na carteira. Para andar na montanha-russa, eu só poderia pagar usando cédulas, porque o lugar não aceitava cartão de crédito. Ao abrir o Google Maps, todas as casas de câmbio pareciam fechadas, com exceção de uma, que ficava a 30 minutos de onde eu estava a pé. Foi um rolezão! Já fica a dica: nunca saia do aeroporto de um país sem ter dinheiro vivo em mãos!





Depois de me divertir nos brinquedos do Rodó, fiz o que eu adoro fazer em capitais de outros países: me perder andando pelas calçadas até chegar no hotel de novo.  Segui pelo litoral que margeia o Rio da Prata até entrar nas ruas do bairro Palermo na altura do Ibis de Montevideo. As ruas eram tomadas por prédios que pararam no tempo, e não eram muito movimentadas. Pensei que estava numa cidade fantasma! Achei tudo muito estranho, especialmente por se tratar de um sábado à noite. Depois que cheguei ao hotel para tomar banho e me dirigir ao jantar na Cidade Velha, fiquei ainda mais impressionado com um centro histórico sem vida, sem lojas e sem bares ou restaurantes funcionando.





O lugar da minha janta era o Restaurante Primuseum, uma portinha em meio aos prédios antigos da Cidade Velha. Quando entrei, havia mais evidências de que estava vivendo uma realidade paralela do século XX: o local era um restaurante-museu, com móveis e itens do auge da economia uruguaia. Não conseguia parar de olhar cada centímetro do Primuseum, abobalhado com a ótima preservação de cada item. A experiência gastronômica envolve três entradas, um prato principal, uma sobremesa e vinho à vontade. A carne bovina uruguaia que comi  nesse lugar foi a melhor carne que comi na minha vida até hoje! Durante a refeição, um espetáculo de tango e música uruguaia intimista dá o tom a um dos momentos mais incríveis que alguém poderia viver no Uruguai. A qualidade de tudo é impecável e o custo é de aproximadamente R$ 400 (USD 70) e é permitido levar a garrafa de vinho com você (se sobrar algo!). Você pode conferir mais informações aqui









Os próximos três dias estiveram nas mãos da Master Turismo, outra agência de receptivo no Uruguai. Finalmente pude realizar minha vontade de visitar Colônia do Sacramento, uma cidade colonizada por portugueses e espanhóis em diferentes tempos da história. No caminho até Colônia, passamos por Nueva Helvecia, uma colônia suíça, e adentramos uma estrada com mais de 100 palmeiras até a entrada de Colônia. O primeiro ponto foi a Plaza de Toros Real de San Carlos, a única ainda existente no Uruguai. O local foi tombado e preservado, e hoje é aberto somente para eventos especiais. 





Plaza de Toros

Em dias de céu azul celeste, sem nuvens, é possível ver claramente os prédios de Buenos Aires ao fundo! Quando vi, realmente não acreditei. Era algo que eu não esperava! A orla de Colônia é maravilhosa, super agradável de andar e possui ótimos pontos para fotos, incluindo o letreiro com o nome da cidade. Quando chegamos ao centro da cidade, notei que era um lugar mais vivo que o centro de Montevidéu, com turistas e uruguaios passeando pela Avenida General Flores, a principal, cheia de lojas, hotéis e restaurantes. 


Buenos Aires

A Cidade Velha de Colônia lembra muito Paraty, especialmente pelas ruas de pedra e arquitetura colonial, que é misturada entre a portuguesa e a espanhola. São muitos pontos de interesse histórico: o portal da cidade; a muralha com canhões; a Praça Maior; a igreja matriz; o farol; o museu do azulejo e o bastião de São Pedro, onde você verá a maior bandeira do Uruguai erguida (além de ser um belo lugar para ver o pôr-do-sol). Aconselho andar pela Cidade Velha com um guia, para ouvir as histórias que aquelas ruas têm para contar! As lojas vendem artesanatos típicos do país, pedras e minerais, roupas e souvenires como bandeiras, chaveiros, cartões-postais, entre outros. 










Meu almoço foi num restaurante chamado La Comandancia, um lugar super pitoresco com mesas ao ar livre, perto do Rio da Prata e ótimo custo/benefício. Comi um excelente pescado com vinho branco e a conta saiu aproximadamente R$ 80. Depois de almoçar, aproveitei a tarde para visitar as lojas da General Flores, onde pude encontrar o doce de leite da Granja Arenas (os preços em Colônia  são os melhores!) e ótimos alfajores. Na rua Ituzaingó 131, fica o Museu do Origami, uma linda casa com várias exposições das mais diferentes dobraduras. No retorno para Montevidéu, parei na Granja Arenas para conhecer a coleção de chaveiros, lápis e outros objetos do dono, e comprar queijos. Definitivamente, depois de um dia incrível em Colônia, sentindo a brisa do vento e imerso em mais uma realidade temporal paralela, ficaria mais de um dia na cidade.






Museu do Origami


O dia de ir até Punta del Este selou a 2022 Cielo Celeste Tour como uma viagem de várias sensações, emoções e cenários. Começamos o caminho pelo litoral de Montevidéu, passando pelos bairros de Buceo e Carrasco, que tinham prédios mais modernos, mas ainda lembrando o estilo modernista do século XX. Quando chegamos à parte das mansões, foi como teletransportar para a Los Angeles (Califórnia, EUA) dos anos 90. Palavras não vão conseguir descrever a vibe incrível que era passar por aquela avenida com o céu puro azul e o sol forte. O cenário foi parecido até chegar em Piriápolis, uma cidade balneário construída por Francisco Píria, que ergueu um castelo na região. O ponto alto de Piriápolis foi o Cerro San Antônio, onde foi possível ver vários tons de azul das águas da Baía de Piriápolis. Me emocionei! 







Antes de chegarmos a Punta del Este, paramos em Punta Ballenas, onde fica um dos edifícios mais famosos do Uruguai e da América Latina: o museu Casapueblo. Construído pelo pintor, ceramista, escultor, muralista, escritor, compositor e empresário uruguaio Carlos Páez Vilaró, o lugar é como um castelo branco feito à mão. Boa parte do complexo é um condomínio e um hotel, mas o museu deixa perfeitamente você sentir como são os cômodos do edifício. As obras de Carlos são visíveis em cada sala do museu, e você pode comprar azulejos que são feitos pelos seus filhos (se prepare para altos preços, pois são produtos personalizados!). O preço de visita do museu é R$ 50 (USD 10) e os souvenires possuem um preço salgado também. O que vale mesmo são as vistas inesquecíveis das varandas da Casapuebelo, que fica à beira de um penhasco. 








Punta del Este é uma cidade muito parecida com Cabo Frio, no Rio de Janeiro. Lotada de prédios, hotéis, resorts e cassinos, a cidade realmente só ganha vida no período do verão (novembro à março). Nos outros meses, é uma cidade vazia, mas muitíssimo linda. Suas águas são geladas, então um banho de mar fora do verão é praticamente impossível e principalmente, não recomendado. Nosso destino foi o bairro Península, onde está o centro da cidade. Comemos no restaurante Zazú, que tem um cardápio refinado (preço médio da refeição com bebida: R$ 180 / USD 30) e em seguida fomos ver os leões marinhos no porto de Punta del Este - confesso que jamais imaginei em interagir tão perto desses lindos animais!







Surpreendentemente, vi mais um encontro das águas: na Punta de la Salina, o ponto continental mais ao sul do Uruguai, é possível ver quando as águas barrentas do Rio da Prata se fundem com as águas azuis do Oceano Atlântico - um espetáculo da natureza! Para não dizer que fui à Punta del Este e não fui à praia, fui até a Praia Brava para tirar foto com a escultura Los Dedos (duvido que no verão seja tão tranquilo tirar foto aqui!). Ao final do dia, passeamos pelo ótimo comércio das ruas da Península (com destaque para a Calle 20 e Calle 28). Não deixe de dar uma passada na sorveteria Pecas e comprar o doce de leite de Punta, o Lapataia. Se você gostar de jogar, o cassino do Enjoy Punta del Este é ótimo!




No último dia em Montevidéu, fiz um city tour pelos principais pontos turísticos da capital uruguaia, como a orla de Buceo e Carrasco; o estádio Centenário; o Palácio Legislativo; o Monumento La Carreta; o Letreiro de Montevideo e dois lugares especiais: o Mercado Agrícola, onde você pode comprar o doce de leite Conaprole, o melhor doce de leite do país e o melhor que já provei na vida; e o Mercado del Puerto, onde excelentes restaurantes com o melhor da culinária culinária estão presentes. Eu almocei no Cabaña Veronica, que me serviu uma carne uruguaia que chegou muito perto da qualidade que tive no Primuseum (ótima experiência!).







Antes de ir embora, passei meus últimos momentos em solo uruguaio na Plaza Independencia, em que tive tempo suficiente para admirar a grandeza do Palacio Salvo (oferece visitas guiadas!), que já foi o edifício mais alto da América Latina; do Teatro Solis (oferece visitas guiadas!), o teatro nacional inaugurado em 1856 e a Puerta de la Ciudadela, um portal histórico preservado. No centro da praça, está a estátua que guarda a tumba de José Artigas, líder da resistência republicana contra as forças da Espanha.


Palacio Salvo




Almoço no Mercado del Puerto

Sentirei muitas saudades do Uruguai. O país me surpreendeu positivamente a cada dia que passava. O país é bastante seguro para andar nas ruas, mas um pouco de cuidado nunca é demais, em qualquer lugar que você vá! Como você deve ter percebido, se alimentar no Uruguai é caro! Um lanche completo de fast-food em média fica R$ 60 e uma refeição completa em um restaurante fica R$ 90. Aprendi que o fato do país “ser parado no tempo” pouco tem a ver com a economia, e sim com a própria vontade da maioria dos uruguaios de permanecer dessa forma, sem ter interferência externa. Sabia que o país não possui feriados religiosos, incluindo o Natal? Eu amo viagens que me fazem desconectar completamente da minha realidade e a 2022 Cielo Celeste Tour fez isso com maestria do início ao fim.


Quanto custa viajar para o Uruguai?

Data: Outubro de 2022

Período: 4 dias

Número de pessoas: 1


Custos:

1) Deslocamentos

Passagem aérea Rio de Janeiro-Manaus: 29.600 pontos + R$ 441,18 de taxa de embarque (via Latam)

Preço médio de cada deslocamento via Uber: R$ 25 


2) Hospedagem

3 noites no Hotel Hispano: R$ 430 


3) Ingressos e passeios

Vinícola Pizzorno: R$ 420

Restaurante Primuseum: R$ 400

Parque Rodó: R$ 60

Dia inteiro em Colônia do Sacramento: R$ 350

Dia inteiro em Punta del Este: R$ 230

Museu Casapueblo: R$ 50

City tour em Montevidéu: R$ 70

Transfer in/out do Aeroporto de Montevidéu: R$ 130 


4) DiversosComida: R$ 800


TOTAL (por pessoa): R$ 2.606,00 (custos 1 à 3) + R$ 800,00 (custo 4) = R$ 3.406,00


Roteiro:

15/out - Chegada em Montevidéu / Vinícola Pizzorno / Parque Rodó / Restaurante Primuseum

16/out - Nueva Helvecia / Colônia de Sacramento

17/out - Piriápolis / Museu Casapueblo / Punta del Este

18/out - City tour em Montevidéu / Retorno ao Brasil


​"Aprendi que, se você não consegue ser feliz com poucas coisas, não conseguirá ser feliz com muitas coisas."

Pepe Mujica, ex-presidente uruguaio

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